Por Tribuna10
Redação em 18/06/2024 às 20h36
A Otan, a aliança militar ocidental, está preocupada com o apoio que a Rússia poderia fornecer aos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte, disse o chefe da organização nesta terça-feira (18).
Também nesta terça, o presidente russo, Vladimir Putin, começou sua primeira viagem ao país asiático em 24 anos.
Putin, que terá conversas com o líder Kim Jong-un, prometeu aprofundar os laços comerciais e de segurança e apoiar o país contra os EUA, um aliado próximo da Coreia do Sul.
Os EUA acusaram a Coreia do Norte de fornecer “dezenas de mísseis balísticos e mais de 11 mil contêineres de munições à Rússia” para uso na Ucrânia.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse em uma coletiva de imprensa conjunta após conversas com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que a guerra da Rússia na Ucrânia está sendo apoiada pela China, Coreia do Norte e Irã, que queriam ver a aliança ocidental fracassar.
“É claro que também estamos preocupados com o possível suporte que a Rússia fornece à Coreia do Norte quando se trata de apoiar seus programas de mísseis e nucleares”, advertiu Stoltenberg.
O secretário-geral ressaltou que essas questões, aliadas ao apoio da China à economia de guerra da Rússia, mostraram como os desafios de segurança na Europa estão ligados à Ásia.
Além disso, acrescentou que a cúpula da Otan, que será realizada no mês que vem em Washington, verá um fortalecimento das parcerias da aliança com a Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão.
Stoltenberg destacou que precisa haver “consequências” em algum momento para a China.
“Eles não podem continuar tendo relações comerciais normais com países na Europa e ao mesmo tempo alimentar a maior guerra que vimos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, ponderou.
Stoltenberg afirmou, entretanto, que é muito cedo para dizer quais seriam essas consequências, “mas tem que ser uma questão que precisamos abordar, porque continuar como fazemos hoje não é viável”.
Na segunda-feira (17), o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA estava observando o relacionamento entre a Coreia do Norte e a Rússia “muito, muito de perto”, pois “poderia haver alguma reciprocidade que poderia afetar a segurança na Península Coreana”.
Nesta terça-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, pontuou em uma entrevista coletiva que o aprofundamento da cooperação entre os dois países é “uma tendência que deveria ser uma grande preocupação para qualquer pessoa interessada em manter a paz e a estabilidade na Península Coreana”.
Ela observou que uma declaração de Putin e do líder chinês Xi Jinping após uma reunião em maio enfatizou meios políticos e diplomáticos como a única maneira de resolver a questão coreana e acrescentou: “Esperamos que esta seja uma mensagem que Putin transmita a Kim”.
Na entrevista coletiva com Stoltenberg, Blinken ressaltou que a viagem de Putin a Pyongyang é um sinal de seu “desespero” para fortalecer as relações com países que podem apoiar a guerra na Ucrânia.
Ele acrescentou que o apoio da China permitiu que a Rússia mantivesse sua base industrial de defesa, fornecendo 70% das importações de máquinas e ferramentas de Moscou e 90% da microeletrônica. “Isso tem que parar”, alertou.
Na semana passada, o vice-secretário de Estado dos EUA, Kurt Campbell, afirmou que o governo americano estava preocupado com o que a Rússia daria à Coreia do Norte em troca das armas que Pyongyang forneceu.
“Moeda forte? É energia? São capacidades que permitem que eles avancem seus produtos nucleares ou de mísseis? Não sabemos. Mas estamos preocupados com isso e observando cuidadosamente”, comentou.
A principal autoridade de controle de armas dos EUA, a subsecretária de Estado Bonnie Jenkins, disse que acredita que a Coreia do Norte está interessada em adquirir aeronaves, mísseis terra-ar, veículos blindados, equipamentos ou materiais de produção de mísseis balísticos e outras tecnologias avançadas da Rússia.