Por Tribuna10
Redação 14/01/2025 às 12h43 Fonte:Gazeta do povo
O ano de 2025 começa com o protagonismo de Hugo Motta (Republicanos-PB) como candidato à presidência da Câmara, mas, nos bastidores, políticos se perguntam quem vai imperar na possível presidência: o conciliador, que busca diálogo com o Planalto e o Supremo Tribunal Federal, ou o integrante do Centrão de Arthur Lira e Ciro Nogueira.
Aos 35 anos, com quatro mandatos e perfil articulador, Motta conta com o apoio das bancadas de 17 partidos, entre eles o PT (de Lula) e o PL (de Jair Bolsonaro). Sua habilidade em transitar entre espectros distintos é amplamente destacada.
Entre colegas, o possível novo presidente da Casa legislativa se destaca pelo “estilo oposto ao de Lira”, como descreveu um parlamentar aliado. Enquanto o atual presidente tem postura combativa, o paraibano prefere longas conversas e busca por união.
Motta é estimado por lideranças como Odair Cunha (PT) e Altineu Côrtes (PL), além de possuir boa relação com ministros como Fernando Haddad e Alexandre Padilha, fortalecendo seu diálogo com diversos setores do governo e da oposição.
Em conversa com o portal Vero Notícias, o líder Adolfo Viana (PSDB) destacou a capacidade de convergência do nordestino, enquanto Alex Manente (Cidadania) confia nos “valores do deputado”. Já o comunista Márcio Jerry, filiado ao PCdoB, enalteceu o compromisso de Hugo Motta com “a ordem democrática e as pautas prioritárias” do governo federal.
Desistência de adversários
A candidatura de Motta consolidou-se após desistências do presidente nacional do Republicado, deputado Marcos Pereira, de Antônio Brito (PSD) e de Elmar Nascimento (União Brasil). As negociações que cacifaram Hugo Motta ao favoritismo garantiu ao paraibano o apoio de várias lideranças e a preferência do Palácio do Planalto.
O presidente Lula evita preferências declaradas, mas o perfil conciliador de Motta “agrada ao presidente”. Apesar disso, aliados palacianos e petistas lembram que o parlamentar foi aliado de Eduardo Cunha e apoiou o impeachment de Dilma, fato que ainda gera desconfianças em setores da esquerda.
Ainda como candidato, Motta já atua para tentar diminuir arestas futuras com os demais Poderes. No fim do ano passado, o deputado buscou diálogo com ministros do STF, como Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Nos encontros, reforçou seu compromisso com “a democracia e o respeito entre os Poderes”.
Além de também se reunir com governadores e bancadas de todos os estados, pedindo apoio à sua candidatura, o candidato passou a agradar setores do agronegócio, do mercado financeiro e do mercado imobiliário, reforçando sua base de apoio junto a importantes segmentos.
Projetos em pauta
Entre os desafios de Motta está a redistribuição das bancadas após o Censo do IBGE, que impactará a representatividade de estados no Congresso Nacional. A temática é delicada por mexer com equilíbrios políticos e interesses regionais.
Para o cientista político Alexandre Ramalho, o favoritismo de Motta é “inegável”, mas sua liderança ainda suscita dúvidas. “Não é certo que ele consiga conduzir uma Câmara com tantas missões importantes pela frente”, avaliou o especialista em entrevista.
Hugo Motta também será responsável por avaliar 11 CPIs pendentes, além de vetos presidenciais e pautas polêmicas. Caberá ao parlamentar decidir quais avançarão, testando sua habilidade para equilibrar interesses divergentes. Sua gestão será marcada por escolhas complexas e estratégicas.
A grande dúvida é se Motta será o conciliador que evita radicalizações ou o político do Centrão alinhado a Arthur Lira e Ciro Nogueira. Sua experiência política é vasta, mas a presidência da Câmara promete ser o maior desafio de sua carreira até agora.