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Inelegibilidade de Bolsonaro abre brecha na direta para a disputa pela presidência em 2026; veja quem está no páreo
Bolsonaro foi quem conseguiu cristalizar em votos uma força social de interesses difusos
30/06/2023 18h43
Por: Redação
Bolsonaro foi quem conseguiu cristalizar em votos uma força social de interesses difusos

Por Tribuna
Redação 30/06/23  às 16h16

A derrota de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que formou maioria para tornar ex-presidente inelegível em julgamento nesta sexta-feira, abre espaço para a concorrência pelo voto bolsonarista de olho nas eleições de 2026.

 Por motivos distintos, três nomes vem sendo comumente citados por correligionários de Bolsonaro como possíveis sucessores no campo da direita: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Correm por fora ainda a ex-ministra da Agricultura, hoje senadora, Tereza Cristina (PP-MS); e o governador do Paraná, Ratinho Júnior.

'Vários bons nomes por aí'

Apesar da expectativa de que o ex-presidente busque conduzir seu espólio eleitoral para um único nome de sua preferência, o próprio Bolsonaro tem evitado sinalizações específicas. Na quinta-feira, por exemplo, questionado por jornalistas no Rio sobre a capacidade de Tarcísio e de Michelle despontarem como seus sucessores, Bolsonaro afirmou que há "vários bons nomes por aí".

-- Bolsonaro foi quem conseguiu cristalizar em votos uma força social de interesses difusos, que inclui, por exemplo, evangélicos e militares. Há a possibilidade tanto de uma fragmentação deste campo quanto de surgir candidato escolhido por Bolsonaro como herdeiro, embora isso, por si só, não signifique que este nome será bem-sucedido em herdá-lo -- analisa o cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR.

Tarcísio de Freitas
Tarcísio, sempre que questionado sobre a possibilidade de ser candidato, também tem se esquivado do assunto. Segundo interlocutores, a antecipação deste assunto antes do desfecho do julgamento de Bolsonaro poderia ser lida como oportunismo e traição. Também pesa na balança o fato de ele ainda poder disputar a reeleição ao governo estadual.

O governador de São Paulo tem encontrado desconfiança de bolsonaristas por posicionamentos mais ao centro e pelo pouco espaço dado à ala ideológica na máquina estadual. Tarcísio preteriu o próprio partido nas nomeações ao Palácio dos Bandeirantes e quase não cedeu cargos ao PL. Ao mesmo tempo, abriu um canal de diálogo com o presidente Lula e fez de Gilberto Kassab (PSD), figura rejeitada por apoiadores de Bolsonaro, um dos quadros mais influentes de sua gestão.

Romeu Zema
O governador mineiro, Romeu Zema, ganhou força como possível herdeiro do campo bolsonarista desde sua aproximação explícita com Bolsonaro e seu entorno, no segundo turno de 2022. De um partido, o Novo, que não faz parte do núcleo bolsonarista, ele aposta mais no antipetismo do que nas pautas ideológicas, e tem feito uma gestão se equilibrando entre moderação e acenos à direita.

Por já ter se reelegido, Zema tem um empecilho a menos do que Tarcísio para se lançar à Presidência em 2026. No entanto, Bolsonaro sinalizou nesta sexta-feira, em viagem a Belo Horizonte, que enxerga o governador mineiro como alternativa para concorrer ao Palácio do Planalto só a partir de 2030.

Receio com a família

Uma eventual candidatura à Presidência da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que desempenhou papel central na campanha do marido em 2022, agrada o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Michelle é considerada um nome capaz de fidelizar o eleitorado evangélico e ampliar o apelo do bolsonarismo entre as mulheres, que apresentavam maiores índices de rejeição a Bolsonaro na última campanha, segundo pesquisas eleitorais. As informações são de O Globo.

Michelle assumiu neste ano a presidência do PL Mulher, braço do partido voltado ao público feminino, e tem percorrido o país com o objetivo de angariar novas filiações, além de testar o discurso político.

O ex-presidente, porém, tem desencorajado publicamente a ideia de uma candidatura presidencial de Michelle, argumentando que falta "experiência" política à ex-primeira-dama. Correligionários de Bolsonaro avaliam que há receio de deixar integrantes da família "na vitrine", sujeitos a escrutínio do público e a ataques de adversários políticos, e que por isso o ex-presidente colocou o pé no freio de candidaturas de parentes ao Executivo.

Por raciocínio semelhante, argumentam esses aliados, Bolsonaro orientou Flávio, seu filho mais velho e senador, a recuar de uma candidatura que vinha sendo articulada à prefeitura do Rio em 2024.

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