Por Tribuna10
Redação 12,01,23 às 08h5
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) informou que fechou uma parceria com o governo brasileiro para auxiliar no trabalho de recuperação do patrimônio depredado por radicais bolsonaristas em Brasília.
A diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, afirmou que especialistas da agência em diferentes técnicas de restauro estão à disposição do governo federal.
Eles devem atuar no restauro de obras de arte, mobiliário e dos próprios prédios atacados no último domingo (8) por terroristas. Os golpistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
"A parceria está fechada, nós acertamos com a ministra Margareth Menezes [Cultura] que a Unesco vai apoiar todo o trabalho de restauração do patrimônio danificado", disse Marlova.
Procurada, a assessoria do Ministério da Cultura informou que a pasta receberá "com a maior satisfação toda a ajuda técnica, financeira e de pessoal que a Unesco possa disponibilizar" neste momento.
Patrimônio da Humanidade
Marlova frisou que Brasília está desde 1987 na lista de patrimônios da humanidade da própria Unesco – reconhecimento que engloba o conjunto arquitetônico da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.
A representante foi ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira (11) e viu pessoalmente os estragos provocados pelos terroristas em quadros, esculturas, móveis e janelas.
Marlova salientou que a recuperação do mobiliário modernista é um dos temas que preocupa a agência em razão da importância das peças que estão em Brasília.
"O mobiliário modernista, a mesa do Juscelino Kubistchek está danificada, cadeiras do Sergio Rodrigues, móveis do Niemeyer [Oscar, arquiteto]. Muito triste porque são obras de valor inestimável para a humanidade. Nós estamos falando das joias do modernismo brasileiro", disse.
Obras danificadas
A Presidência da República, o Congresso e o STF divulgaram nos últimos dias levantamentos de obras danificadas pelos vândalos. Na Câmara, por exemplo, o muro escultório criado por Athos Bulcão foi danificado.
No Palácio do Planalto uma série de obras foram depredadas:
• "As mulatas", de Di Cavalcanti: quadro foi encontrado com sete rasgos e peça tem valor está estimado em R$ 8 milhões.
• "O Flautista", de Bruno Jorge: avaliada em R$ 250 mil, a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo chão.
• Relógio de Balthazar Martinot: relógio de pêndulo do século XVII, foi um presente da Corte Francesa para o rei português Dom João VI e tem a recuperação considerada 'muito difícil'.
• "Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo: a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o térreo do Planalto.
• Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg: avaliada em R$ 300 mil, a peça teve galhos quebrados.
• Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck: a mesa foi usada como barricada pelos terroristas.
• Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues: o móvel teve o vidro quebrado.
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